IHU
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/510341-rio20-o-que-se-pode-esperar-
“Isso que está sendo denominado ‘economia verde’ não passa de novo sacrifício de vidas, de novo sangue exigido pelo ídolo capital financeiro - sangue de humanos, de animais, de aves, de peixes, de todo tipo de ser vivo”.
O comentário é de Ivo Poletto, assessor do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social.
Eis o artigo.
Acabo de ler texto em que está citada entrevista de Joseph Siglitz sobre o socorro da União Europeia à Espanha. Ele é taxativo: isso não funcionou até agora e não vai funcionar. O que se aprofundará é a dependência do Estado em relação aos bancos privados, já que os Estados repassarão algo em torno de 200 bilhões aos bancos, e os bancos suprirão as necessidades do Estado espanhol para enfrentar sua crise de endividamento. Em princípio, os bancos e o Estado ficarão mais endividados, e isso levanta a dúvida: de onde virão os recursos para enfrentar esse endividamento?
A crise europeia revela com a claridade do sol o que significa as sociedades humanas ficarem sob o domínio do capital financeiro. Já lembrava Karl Marx no século XIX: ele é como o ídolo que só se satisfaz com sangue humano. De fato, uma vez aceito que a concentração econômico-financeira capitalista é algo intocável, por ser desenvolvimento natural, só resta sacrificar a fonte da riqueza: o trabalho humano. Vale tudo para satisfazer a volúpia do dominador: crescente desemprego, diminuição do salário, corte das aposentadorias, privatização da educação, da saúde... E agora, através da Rio+20, vale também repassar ao dominador os bens naturais, os serviços ambientais prestados por eles, tornando-os novas commodities e novos créditos especulativos...
Em outras palavras: mantido o mantra de que não se pode nem deve questionar o sistema capitalista dominante - como deixou claro também a presidente Dilma Rousseff em Porto Alegre, no Fórum Social Temático realizado em janeiro deste ano -, a Rio+20 só agravará a crise que afeta toda a humanidade. E provavelmente o fará entregando ao grande capital o que é, até agora, bem comum dos Povos e da humanidade, disfarçando o processo de repasse como algo "verde", algo favorável ao "desenvolvimento sustentável". Isso que está sendo denominado "economia verde" não passa de novo sacrifício de vidas, de novo sangue exigido pelo ídolo capital financeiro - sangue de humanos, de animais, de aves, de peixes, de todo tipo de ser vivo.
Por isso, o espaço em que pode desabrochar a esperança nos dias da Rio+20 é o da Cúpula dos Povos. Autoconvocada pelos Povos e Movimentos sociais que a realizam, não tem a força dos Estados submetidos aos interesses do capitalismo dominante, mas tem a força da legitimidade democrática, e seu poder se assenta nas práticas alternativas, não predadoras, não envenenadoras, não promotoras da exploração do trabalho e da natureza; práticas demonstrativas de que já é possível produzir os bens e organizar os serviços necessários a uma vida digna para todas as pessoas em cooperação e harmonia com a Terra. Sua contribuição à história da espécie humana no planeta Terra será desencadear um processo de mobilização cidadã mundial capaz de banir da vida e das metes das pessoas, por absurda, a dominação capitalista.
O desafio, para todos os participantes da Cúpula dos Povos, e esse: seremos capazes de dar este passo absolutamente necessário para a humanidade?
Eis o artigo.
Acabo de ler texto em que está citada entrevista de Joseph Siglitz sobre o socorro da União Europeia à Espanha. Ele é taxativo: isso não funcionou até agora e não vai funcionar. O que se aprofundará é a dependência do Estado em relação aos bancos privados, já que os Estados repassarão algo em torno de 200 bilhões aos bancos, e os bancos suprirão as necessidades do Estado espanhol para enfrentar sua crise de endividamento. Em princípio, os bancos e o Estado ficarão mais endividados, e isso levanta a dúvida: de onde virão os recursos para enfrentar esse endividamento?
A crise europeia revela com a claridade do sol o que significa as sociedades humanas ficarem sob o domínio do capital financeiro. Já lembrava Karl Marx no século XIX: ele é como o ídolo que só se satisfaz com sangue humano. De fato, uma vez aceito que a concentração econômico-financeira capitalista é algo intocável, por ser desenvolvimento natural, só resta sacrificar a fonte da riqueza: o trabalho humano. Vale tudo para satisfazer a volúpia do dominador: crescente desemprego, diminuição do salário, corte das aposentadorias, privatização da educação, da saúde... E agora, através da Rio+20, vale também repassar ao dominador os bens naturais, os serviços ambientais prestados por eles, tornando-os novas commodities e novos créditos especulativos...
Em outras palavras: mantido o mantra de que não se pode nem deve questionar o sistema capitalista dominante - como deixou claro também a presidente Dilma Rousseff em Porto Alegre, no Fórum Social Temático realizado em janeiro deste ano -, a Rio+20 só agravará a crise que afeta toda a humanidade. E provavelmente o fará entregando ao grande capital o que é, até agora, bem comum dos Povos e da humanidade, disfarçando o processo de repasse como algo "verde", algo favorável ao "desenvolvimento sustentável". Isso que está sendo denominado "economia verde" não passa de novo sacrifício de vidas, de novo sangue exigido pelo ídolo capital financeiro - sangue de humanos, de animais, de aves, de peixes, de todo tipo de ser vivo.
Por isso, o espaço em que pode desabrochar a esperança nos dias da Rio+20 é o da Cúpula dos Povos. Autoconvocada pelos Povos e Movimentos sociais que a realizam, não tem a força dos Estados submetidos aos interesses do capitalismo dominante, mas tem a força da legitimidade democrática, e seu poder se assenta nas práticas alternativas, não predadoras, não envenenadoras, não promotoras da exploração do trabalho e da natureza; práticas demonstrativas de que já é possível produzir os bens e organizar os serviços necessários a uma vida digna para todas as pessoas em cooperação e harmonia com a Terra. Sua contribuição à história da espécie humana no planeta Terra será desencadear um processo de mobilização cidadã mundial capaz de banir da vida e das metes das pessoas, por absurda, a dominação capitalista.
O desafio, para todos os participantes da Cúpula dos Povos, e esse: seremos capazes de dar este passo absolutamente necessário para a humanidade?
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