- Deputada Federal Rosa Neide de Almeida, para notificar e dar encaminhamentos na Câmara dos Deputados em Brasília;
- Deputado Estadual Lúdio Cabral, para notificar e dar encaminhamentos na Assembleia Legislativa de MT;
- Promotor Público Luiz Scaloppe, para ciência e atenção à possível ação inconstitucional.
MANIFESTO PELA TERRA
Nós, abaixo-assinados, repudiamos completamente a
proposta que tramita nos bastidores do Congresso Nacional e que pretende
retirar o estado de Mato Grosso (MT) da Amazônia Legal. Contraditoriamente, ou
ao sabor das conveniências políticas, o discurso desenvolvimentista propiciou a
criação da Amazônia Legal e agora está sendo reutilizado para propor a retirada
de MT visando única e exclusivamente a expansão da fronteira agrícola num claro
golpe mercadológico e eleitoreiro.
Entendemos que essa proposta fere a Constituição
Federal na medida em que propõe medida de menor proteção socioambiental e, mais
do que isso, é uma peça repleta de absurdos visto que sua fundamentação se
tornará um problema até para o agronegócio. Demonstra, desta forma, o completo
despreparo e mesquinhez dos legisladores proponentes em face da ignorância em
relação ao significado e importância das áreas de Reserva Legal para os
proprietários rurais.
Se aprovado, esse projeto de lei colocará em risco
o território mato-grossense em todas as dimensões da sustentabilidade agravando
processos de savanização em áreas de floresta, e modificações na vegetação do
próprio Cerrado. Esses senhores parecem desconhecer o fato de que é em nosso
Cerrado que nascem os principais rios que correm para a Amazônia ou para o
Pantanal, desconhecem nossas espécies endêmicas e em perigo de extinção,
desconhecem as singularidades faunísticas e florísticas. Em resumo, essas
cavalgaduras desconhecem o estado que cinicamente afirmam defender, desconhecem
ou fingem desconhecer a LC 124/2007 e o Decreto 8.275/2014 que apresentam,
entre outras coisas, as bases para subsídios e incentivos fiscais para o setor
que esses senhores dizem defender, desconhecem, por óbvio a Carta Magna em seu
Art. 225.
Ora, se o agronegócio entende que não dependeríamos
dessas políticas públicas e que poderíamos ficar à mercê do que teoricamente
esse setor proporciona, em termos de emprego e renda, ignoram o funcionamento
do estado em termos econômicos e fiscais. Desconhecem também que a Reserva
Legal presta serviços ecossistêmicos a todos os habitantes do estado e não
apenas aos proprietários rurais. Sabemos que o agronegócio trabalha para se
manter financeiramente, porém o que não se revela é o fato de que o alimento é
produzido pela agricultura familiar e camponesa. Pequenos produtores que já são
penalizados pela retirada de políticas públicas de apoio e manutenção, sofrerão
ainda mais o efeito nefasto das mudanças climáticas, da falta de água, do
aumento da pobreza e da fome, fenômenos que já atingem parte da população.
Finalmente tal proposta revela apenas os interesses
amesquinhados e o descompromisso com a população visto que políticas
macrorregionais de saúde, pesquisa e desenvolvimento são direcionadas
prioritariamente para estados da Amazônia Legal. Além disso, propor uma matéria
com esse conteúdo e dessa natureza pode apenas aprofundar problemas e acena
negativamente para apoiadores e financiadores internacionais, num cenário
mundial de agravamento climático e hídrico. Sendo, por outro lado, essencial
pensar o estado e sua população em termos de manutenção da vida, saúde e
construção de soberania alimentar.
A Amazônia é de interesse mundial porque estudos já
comprovaram que o ambiente não possui fronteiras. As catástrofes oriundas deste
PL terão efeito bumerangue, prejudicando o próprio agronegócio. É absolutamente
intolerável uma proposta que fere as leis, os princípios e a ética planetária
que todos somos dependentes.
EM DEFESA DA TERRA!
CONTRA O PL 337/2022!!!
19 de março de 2020.
Movimento “MATO
GROSSO NA AMAZÔNIA É LEGAL”
e demais signatários:
download od manifesto
https://drive.google.com/file/d/1GFEnI9lc3WhzDiMUZByWMxd1rJaNUig-/view?usp=sharing
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