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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Como é a vida nas cidades mais ecológicas do mundo

bbc
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/01/150121_vert_tra_cidades_ecologicas_ml


Como é a vida nas cidades mais ecológicas do mundo

  • Há 3 horas
Cidade do Cabo
A Cidade do Cabo é uma das menos agressivas ao meio ambiente
Da oferta de ciclovias e mercados de produtos orgânicos ao monitoramento da qualidade do ar, os esforços ecológicos de uma cidade beneficiam seus moradores e ajudam o planeta.
O Siemens Green City Index, um projeto de análises da Economist Intelligence Unit, da Grã-Bretanha, organiza um ranking de cidades mais 'verdes' do mundo, atribuindo pontos nos quesitos de emissões de gases poluentes, alternativas de transporte, gerenciamento de recursos hídricos e do lixo, e políticas ambientais.
A BBC Travel conversou com os moradores das cidades no topo da lista para saber como é viver nelas.

San Francisco, Estados Unidos

Bonde em San Francisco
A taxa de reciclagem em San Francisco é de 77%
San Francisco, na Califórnia, é a cidade mais ecológica da América do Norte, segundo o Siemens Index. Tem uma longa história de consciência ambiental, que vem desde a fundação do grupo verde Sierra Club, no século 19.
A cidade tem uma taxa de reciclagem de 77%, uma das mais altas do mundo, possibilitada pela obrigatoriedade de se separar o lixo comum do reciclável.
"Estamos cercados por uma beleza natural estonteante e somos, historicamente, uma comunidade de mente aberta", diz Donna Sky, que veio da Costa Rica há nove anos e abriu uma empresa que fabrica e vende pasta de grão-de-bico orgânica.
Os moradores de San Francisco querem saber como e onde sua comida é produzida e tentam sempre consumir ingredientes produzidos localmente.
Por isso, muitos bairros têm feiras onde quem vende são os próprios produtores, cada uma com uma característica diferente. O bairro ao norte do parque Panhandle – conhecido localmente como NoPa – tem um mercado que funciona o ano todo, enquanto o Mission e o Haight-Ashbury oferecem feiras sazonais.
Os três bairros são populares entre ciclistas, por causa de sua topografia plana.
"Cada um tem sua própria vibe", define Jarie Bolander, ex-presidente da Associação de Moradores de NoPa. "Nosso bairro tem uma maioria de jovens profissionais liberais, enquanto Haight abriga uma mistura de hipsters com antigos hippies."

Copenhague, Dinamarca

Copenhague vista de uma bicicleta
Mais de 50% dos moradores de Copenhague se locomovem de bicicleta
Apesar de ser seguida de perto pelas capitais escandinavas Oslo e Estocolmo, Copenhague tem mantido a posição de cidade mais ecológica da Europa.
Quase todos os seus moradores vivem a 350 metros do transporte público, e mais de 50% se locomovem de bicicleta. Como resultado, Copenhague apresenta emissões de poluentes extremamente baixas para uma cidade de seu tamanho (cerca de 1,2 milhão de habitantes).
Os bairros de Norrebrø, no noroeste, e Frederiksberg, no oeste, são especialmente comprometidos com o ciclismo, como conta Mia Kristine Jessen Petersen, que nasceu e mora na capital dinamarquesa.
"Foi investido muito dinheiro na criação da 'Via Verde', uma faixa de nove quilômetros para pedestres e ciclistas. Ela serve para ajudar as pessoas a circular pela cidade rapidamente e em um cenário lindo. Não se trata apenas de uma ciclovia, mas sim de um caminho cheio de parques, playgrounds e bancos para contemplarmos a paisagem", descreve.
Além de adorar pedalar, os residentes de Copenhague são apaixonados por reciclagem e fabricação de adubo orgânico, e são conhecidos por inventar maneiras de economizar eletricidade e calor.
"Nós, dinamarqueses, enxergamos a natureza como um porto sagrado. Fazemos todo o possível para tomar conta da natureza que temos nas cidades", explica Petersen.

Vancouver, Canadá

Vancouver
Vancouver incentiva o uso de energias limpas, o que a coloca entre as menos poluentes do mundo
Comparada com outras cidades do mesmo tamanho (pouco mais de 600 mil habitantes), Vancouver ganhou muitos pontos do Siemens Index no que se refere a emissões de gás carbônico e qualidade do ar, em parte por causa da ênfase local no incentivo ao uso de energias limpas.
A cidade prometeu reduzir suas emissões em 33% até 2020. O compromisso não surpreendeu o morador Lorne Craig, que se mudou para lá em 1985 e escreve o blog Green Briefs.
"Vancouver tem abrigado uma profunda contracultura ecológica desde os anos 60 e é reconhecida em todo o mundo por ser o berço do Greenpeace", diz Craig. "A própria paisagem da cidade, cercada por montanhas, nos faz lembrar que somos parte de algo muito maior e mais bonito."
Enquanto outras cidades do Canadá continuaram abrindo avenidas para melhorar o trânsito de veículos, Vancouver se manteve comprometida com a qualidade de vida de seus cidadãos. É o que mostra o desenvolvimento da Granville Island, uma península essencialmente pedestre onde os moradores frequentam mercados e estúdios de arte.
Muitos outros bairros de Vancouver também são ecológicos. Um extensa rede de ciclovias facilita o tráfego de bicicletas pela cidade, especialmente a West 10th Avenue, onde as pessoas circulam com bicicletas, mobiletes e até monociclos.

Curitiba, Brasil

Jardim Botânico de Curitiba
Curitiba é a única cidade latino-americana bem acima da média em questões ecológicas, segundo índice
De todas as cidades latino-americanas listadas no Siemens Index, apenas Curitiba aparece com uma contagem de pontos acima da média. Depois de ter construído um dos primeiros grandes sistemas de corredores de ônibus do mundo, nos anos 60, e ter desenvolvido um programa de reciclagem pioneiro nos anos 80, a capital paranaense continua a pensar no meio ambiente.
O uso em massa do transporte público faz de Curitiba uma das cidades com os melhores índices de qualidade do ar do ranking.
Curitiba, no entanto, parece estar carente de revitalização, segundo o britânico Stephen Green, que mora na cidade há 15 anos e escreve o blog Head of the Heard.
Estão nos planos a construção de um metrô e mais 300 quilômetros de ciclovias, mas os projetos são caros e a cidade precisa de mais verbas para colocar tudo em pé.
Green mora nas Mercês, um tradicional bairro do centro. "Temos uma ótima feira aos domingos, uma boa conexão de transportes e estamos perto do maior parque da cidade", elogia.

Cidade do Cabo, África do Sul

A segunda cidade mais populosa da África do Sul está na dianteira do movimento ambiental no continente africano, pressionando por uma maior economia de energia e um uso maior de recursos renováveis.
Em 2008, a Cidade do Cabo começou a usar energia da primeira estação eólica privada do país. Agora tem o objetivo de obter 10% de sua energia de fontes renováveis até 2020.
Esses esforços estão transformando a vida na cidade. "Temos cada vez mais ciclovias e feiras livres. E os restaurantes valorizam ingredientes produzidos localmente", diz Sarah Khan, uma nova-iorquina que adotou a cidade africana em 2013, e que escreve o blog The SouthAfriKhan.
Ainda assim, ela acredita que a cidade ainda poderia fazer mais para melhorar o transporte público e evitar os constantes cortes de energia elétrica.
Os moradores têm uma "natureza exploradora" e não têm medo de circular de bicicleta. "As melhores áreas para pedalar na cidade são o Sea Point e o Green Point", conta Leonie Mervis, fundadora e diretora da campanha Bicycle Cape Town.
Apesar de o centro da cidade não ter muitas ciclovias, as bicicletas podem ser levadas a bordo dos ônibus, o que torna mais fácil a circulação sem carro.
Mervis mora em Hout Bay, um bairro 20 quilômetros ao sul do centro que abriga muitos artistas e moradores com consciência ecológica.
"Muita gente aqui usa sistemas de aquecimento por painel solar e produzem seus próprios legumes e verduras", diz Mervis. "Também temos uma comissão de meio ambiente que apoia iniciativas ecológicas e cuida dos espaços ao ar livre."

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Organizações lançam propostas socioambientais para a agenda política de Mato Grosso


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Organizações lançam propostas socioambientais para a agenda política de Mato Grosso

Entidades querem discutir propostas voltadas para o meio ambiente e sustentabilidade com os candidatos à Governo.

Mel Mendes/Formad

Organizações da sociedade civil ligadas ao Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad) e ao Fórum de Direitos Humanos e da Terra (FDHT-MT) lançaram, nesta quarta-feira (06) um documento com propostas socioambientais para a agenda política dos candidatos ao governo do estado de Mato Grosso.

O documento “Agenda Mato Grosso Sustentável e Democrático: Eleições 2014” é assinado por trinta e seis entidades que atuam em diversos setores da sociedade e apresenta setenta e duas propostas para o avanço da política ambiental e de direitos humanos em Mato Grosso. As propostas são divididas em dois grandes eixos: Terra e Justiça Ambiental e Vida, Povos e Direitos que, de acordo com as organizações, representam a complexidade socioambiental do estado. 

As organizações propõem aos candidatos “que o diálogo se estabeleça não somente durante a campanha eleitoral, mas que a concreção e a sustentabilidade desta proposta se efetive entre governo e sociedade civil na superação das desigualdades, na inclusão dos diferentes, no combate à corrupção, na proteção ecológica e outros processos que fazem parte da democrática reforma política que poderá inaugurar novos cenários da qualidade de vida”, aponta o documento.

A partir da próxima semana, uma comissão formada por representantes do Formad e do Fórum de Direitos Humanos e da Terra realizarão uma rodada de reuniões com os candidatos ao governo do estado e seus comitês. O objetivo é apresentar  e discutir  com os candidatos as propostas para que as mesmas sejam  incorporadas aos respectivos planos de governo. Além disso, será lançada uma plataforma digital para que toda sociedade tenha acesso às propostas e contribua com as discussões levantadas pelas organizações.

Para ver o documento na íntegra clique aqui


Contatos com a Imprensa
Mel Mendes – (65) 3359-7640 / 9984-8334


Mel Mendes
skype: melmendes.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Arqueologia pré-colombiana reforça teses de impactos ambientais

o eco
http://www.oeco.org.br/marc-dourojeanni/27626-arqueologia-pre-colombiana-reforca-teses-de-impactos-ambientais?utm_source=newsletter_55&utm_medium=email&utm_campaign=leia-em-o-eco

Arqueologia pré-colombiana reforça teses de impactos ambientais
Marc Dourojeanni - 30/09/13

caral-panPanorâmica das ruínas de Caral, Peru. Foto: Edgar Marca / Flickr | Clique para ampliar.
Ainda há muita gente de meia idade que, por falta de atualização, continua acreditando o que lhes foi ensinado na escola, ou seja, que a população americana chegou ao nosso continente através do estreito de Bering há 13 ou 13.500 anos1 (teoria dos Clovis, devido à localização no México onde essa cultura foi encontrada). A acumulação de evidências de que esse povo não foi o primeiro nem o único na América é tão grande que esse tema específico nem é mais discutido nos meios acadêmicos. Não obstante, saber que os humanos já estavam na América do Norte há uns 20.000 ou 30.000 anos e quiçá até mais de 50.000 anos está longe de resolver todas as dúvidas sobre o povoamento do continente, especialmente da América do Sul.
O tema, além de interessante, é importante, por exemplo, para discutir assuntos como o da extinção rápida damegafauna americana do pleistoceno. Com efeito, se os Clovis fossem realmente os primeiros humanos no continente, seria difícil imputar a eles a extinção dessa fauna, pelo menos na América do Sul. É improvável que em tão pouco tempo teriam alcançado uma população e uma dispersão tão grandes, bem como semelhante impacto. A pressão de caça é apenas uma teoria para explicar o fenômeno do súbito sumiço dessa fauna, mas é tão boa ou melhor que outras. No entanto, sabendo que a população das Américas é muito anterior, essa possibilidade aumenta consideravelmente e se torna ainda mais plausível. De outra parte, o advento da agricultura gerou as culturas e a produção de grãos gerou os reinos e até impérios. Enquanto as culturas e a agricultura desenvolviam-se, modificavam o ambiente, essencialmente desmatando florestas. Na história americana o milho ocupa um lugar preponderante, embora não explique tudo.
A teoria de que os Clovis foram os primeiros a chegar à América do Norte e que, de lá, se dispersaram até o estreito de Magalhães, no extremo sul do continente, foi progressivamente desmantelada pelo achado de vestígios humanos mais antigos na própria América do Norte. Agora se acredita que pelo mesmo estreito de Bering passou não uma, senão duas ou mais ondas migratórias. E, como se menciona a seguir, também foram achadas evidências de presença humana antiga na América do Sul. Se isso não fosse suficiente, seria assim mesmo difícil explicar como, há mais de 5.000 anos, já existia, no centro do Peru, uma civilização, que apesar de seu aparente isolamento, foi capaz de construir uma cidade comparável às que na mesma época existiram no velho mundo, incluindo pirâmides colossais. E, como explicar que uma cidade como essa esteja no Peru quando não existe –ou não foi ainda descoberta- nenhuma outra cidade comparável que seja da mesma idade ou mais antiga na América do Norte ou Central?
Antiguidade de vestígios humanos nas Américas
"Hoje se sabe que na Amazônia, em quase toda ela, há evidências da existência (e extinção) de desenvolvimentos culturais importantes"
Vários estudos nos EUA (Virgínia, Oregon, Texas, Pensilvânia) e no Canadá provaram a existência de povoadores mais antigos que os Clovis. Mas, o golpe de misericórdia para os tradicionais veio com descobertas como as de Topper Hill, na Carolina do Sul, onde foram encontradas ferramentas que insinuaram uma antiguidade de 50.000 anos, sendo logo confirmada uma idade de pelo menos 22.900 anos. Outro golpe foi o achado de figuras de barro e restos humanos em Tlapacoya, perto da cidade de México, com uma antiguidade de uns 22.000 anos.
Isso não é de chamar a atenção, pois, estudos de seis décadas atrás no Peru, por exemplo, já haviam demonstrado presença humana muito antiga: Lauricocha (mais de 8.000 anos), Vale do Chillón (12.000 anos) e Ayacucho (20.000 anos). Neste último local foram encontrados ossos de mastodontes, megatérios e de tigres dente de sabre assim como ossos humanos, estes datados de 10 a 14.000 anos. Porém como aconteceu mais tarde com os estudos da Serra da Capivara, esses achados foram inicialmente desacreditados pelos arqueólogos tradicionalistas.
É assim que a tese e as provas respectivas, acumuladas por décadas pelas persistentes Niede Guidon e Anne-Marie Plessis, as pesquisadoras da Serra da Capivara, no interior do Piauí, só passaram em tempos relativamente recentes, a ganhar adeptos também entre os cientistas americanos. Das diversas provas encontradas no amplo e meticuloso trabalho, as datações mais aceitas indicam 32.000 a 48.000 anos para as camadas estudadas e até de 60.000 anos para outras e, no caso de artefatos, a antiguidade varia de 17.000 a 32.000 anos. As autoras das pesquisas acreditam, ainda sem prova definitiva, que a antiguidade da presença humana no Piauí é bem maior, talvez mais de 200 mil anos.
Outro lugar fascinante é a caverna da Pedra Pintada em Monte Alegre (Pará) em plena Amazônia brasileira, com uns 13.200 anos. Neste sítio a pesquisadora Anna Roosevelt descobriu pinturas rupestres que simbolizam formas humanas, animais e figuras compostas, assim como desenhos geométricos. Estas pinturas são consideradas as mais antigas da América. Também acharam arpões e pontas de lanças, buréis, raspadores e outras ferramentas. A cerâmica encontrada nesse sítio arqueológico data de 7.500 anos, o que significa a mais antiga das Américas. Adiantou-se a hipótese que esses habitantes sejam os mesmos que estavam antes no Piauí. Hoje se sabe que na Amazônia, em quase toda ela, há evidências da existência (e extinção) de desenvolvimentos culturais importantes que, como nas selvas da América Central, foram substituídos por grupos de vida tribal. Assim, sobre o encontrado no coração da Amazônia se soma a descoberta de vestígios de presença humana de 10.000 anos de antiguidade nas Pampas de Mojos, na Bolívia, que precederam as civilizações hidráulicas bem conhecidas dessa região, que também desapareceram. A relativamente curta sobrevivência das culturas superiores em selvas tropicais na América e na Ásia é outro tema fascinante, sobre o qual existem várias teorias inconclusivas.
E para complicar ainda mais o panorama, foi provado que em Monte Verde, ao sul de Puerto Montt, no Chile, ou seja, nos confins da América do Sul, houve habitantes há mais de 13.000 anos. Ainda mais, pelos objetos encontrados se suspeita que seja possível que essa ocupação tivesse 33.000 anos de antiguidade. Há pouco tempo foi descoberta no deserto, a 1.100 km ao norte de Santiago, uma mina de óxido de ferro de 12.000 anos, considerada a mais antiga encontrada, até o momento, nas Américas.
Ou seja, hoje não cabe mais duvidar que a América e a América do Sul fossem habitadas muito antes que os Clovis. Estes chegaram bastante tarde. Chineses e vikings chegaram muito mais tarde. A grande dúvida que subsiste, embora a origem asiática da população seja reconhecidamente dominante, é saber de onde e por onde chegaram. As pesquisas da Serra da Capivara podem alterar muito as nossas convicções, pois sugerem uma origem africana. A isso podem se agregar as teorias do Paul Rivet e a façanha contundente, embora de interpretação um tanto confusa de Thor Eyerdahl na sua viagem pelo Pacífico. Esta insinua tanto uma antiga origem oceânica da população sul-americana como a presença mais recente de povos da costa sul-americana no Pacífico. O que ficou bem demonstrado por Eyerdahl é que os povos muito antigos nem sempre gostavam de andar a pé no gelo, como os que passaram pelo estreito de Bering. Muitos preferiram navegar, aproveitando os anticiclones e o faziam muito bem, tanto no Pacífico (a balsa Kon Tiki) como no Atlântico (a balsa Rá). Mais ainda, aproveitavam-se dos períodos glaciais que facilitavam "pular de ilhota em ilhota". É óbvio que as viagens intercontinentais não se limitaram à pré-história. Embarcações melhores, embora basicamente sob os mesmos princípios, parecem ter sido utilizadas em tempos bem mais recentes, como na provável expedição enviada pelo Inca Tupac Yupanqui à Polinésia e assim mesmo na relação que parece existir entre algumas culturas andinas e a que se desenvolveu na ilha de Páscoa.
Então, embora a origem asiática seja um fato indiscutível, não se pode descartar que coexista com outras origens, como a oceânica (que também seria de origem asiática) ou a africana. Não há provas concludentes e há muitas provas contraditórias formando um grande quebra cabeça. Mas, por exemplo, pode se imaginar que os que chegaram à costa do Chile e que habitaram Monte Verde e o deserto de Atacama, fossem oceânicos e não asiáticos.
Caral e suas pirâmides
"Caral, localizada a apenas 200 km ao norte da capital do Peru, Lima, é uma cidade que tem não menos de 5.000 anos de antiguidade"
 
 
Como dito se as evidências acumuladas sobre a antiguidade da presença humana não fossem suficientemente convincentes, subsistiria Caral para desmentir uma ocupação humana tão tardia da América do Sul como seria o caso se os Clovis fossem realmente os primeiros no continente. Esse povo não teria tido tempo de chegar tão ao sul e simultaneamente desenvolver uma cultura de dimensões tão consideráveis.
Caral, localizada a apenas 200 km ao norte da capital do Peru, Lima, é uma cidade que tem não menos de 5.000 anos de antiguidade, o que faz dela a cidade de grande porte mais antiga das Américas, contemporânea das que existiram no Egito, Mesopotâmia, Índia e China. Caral existiu há mais de um milênio antes de outras cidades de todo o continente americano. Foi a capital da civilização do mesmo nome que ocupou o vale do rio Supe e outros próximos na costa norte do Peru. O sítio era conhecido dos arqueólogos, mas, a evidência da sua grande antiguidade e importância foi comprovada graças à arqueóloga Ruth Shady.
Em Caral destacam-se 7 grandes pirâmides rodeadas de outras, menores, somando 32 no total. Seus construtores organizaram a cidade em dois setores. Num deles se localizam 6 pirâmides principais rodeadas de espaços livres, em forma de praças. No outro setor destaca-se uma pirâmide muito grande com um amplo anfiteatro e vários edifícios menores alinhados com ela. Há, ainda, uma vasta zona residencial. A população residente da cidade que era essencialmente cerimonial é estimada num mínimo de 3.000 pessoas, embora para construir as pirâmides participassem muitos mais que eram habitantes de vilas vizinhas subordinadas à autoridade religiosa.
O que cabe perguntar, no caso de Caral e de outras grandes civilizações da costa peruana, é qual foi a origem dessa população. Poderiam, certamente, ter baixado da América do Norte e, portanto, ser de origem asiática. Se as teorias da origem oceânica têm validade, também poder-se-ia considerar que essa população que dependia muito do mar tenha subido do sul do Chile para o Peru, a procura de terras mais quentes. É interessante notar que sempre existiu uma presunção que a raça dos peruanos autóctones costeiros é diferente da dos propriamente andinos, sendo os primeiros fisionomicamente muito semelhantes aos povos da Polinésia e os segundos com rasgos acentuadamente asiáticos. Essa percepção pode ser fruto da mestiçagem, maior na costa que na montanha, mas a dúvida persiste.
Tampouco pode se descartar uma origem africana (ou amazônica) já que se os povos do Piauí se deslocaram pelo vale do Amazonas poderiam chegar à costa do Pacifico pela enorme bacia do rio Marañón, um dos seus dois rios formadores. De uma parte, está demonstrada a relação de Caral com a Amazônia. Produtos amazônicos foram encontrados e podiam chegar lá facilmente através da passagem de Porculla (apenas 2,150 metros sobre o nível do mar), o ponto mais baixo dos Andes que facilita acesso à bacia do Marañón ou, diretamente através das montanhas, desde o relativamente próximo vale de Conchucos, onde se localizou o epicentro da cultura Chavin num afluente andino do rio Marañón.
Antes de ficar demonstrada a antiguidade de Caral, Chavin era considerada a cultura mais antiga do Peru. E, seu descobridor, o arqueólogo José C. Tello, sempre defendeu sua origem amazônica. Mais ainda, nas cidadelas da cultura Pajatén, na Amazônia alta do Peru, foram encontradas cerâmicas fabricadas tanto nos Andes, como na costa norte do Peru, demostrando o tráfico de produtos entre as três regiões.
Claro que, como dito, a evidência genética da origem asiática dos povos originais americanos é tão contundente que, por enquanto, a única explicação para essa hipótese seria que, sendo eles o contingente humano principal, os eventuais aportes genéticos de outras origens ficaram muito diluídos. A última palavra não está escrita.
O milho, forjador de civilizações?
"O milho foi, é verdade, um facilitador dos grandes desenvolvimentos culturais dos Andes, a partir de uns 4.000 anos"
Alguns cientistas acreditam que só o cultivo do milho poderia permitir os grandes desenvolvimentos culturais das Américas. Porém está devidamente provado que as culturas peruanas mais antigas, antes de conhecer o milho, domesticaram muitas espécies nativas como a quinoa (no altiplano do sul, há uns 6.000 anos), a batata e várias outras plantas de altitude. A base da alimentação em Caral eram peixes (anchovas e sardinhas), crustáceos diversos e várias espécies de feijão, abóbora, batata doce, mandioca, palhar, amendoim, pimentas diversas, tomate, etc. Já conheciam o algodão e, provavelmente, a coca e quiçá já tinham adaptado a batata às condições da costa. Alguns produtos, como mandioca, amendoim ou coca, foram adaptados da costa norte tropical úmida (hoje o Equador) ou diretamente da Amazônia. Dito de outro modo, poderiam ter se desenvolvido sem necessidade do milho, como os primeiros resultados das escavações de Caral indicaram.
Embora existam evidências substantivas de que a origem do milho é mexicana (o teosinte, endêmico do México, seria seu único parente selvagem), onde já era cultivado há 9.000 anos, subsistem argumentações que localizam a sua domesticação também no Peru, onde a diversidade genética desta espécie é máxima. Supõe-se que o milho chegou ao Equador e ao norte do Peru há uns 7.000 anos. O registro documentado mais antigo do cultivo e consumo de milho no Peru, inclusive moído, data de 4.000 anos atrás, no vale sulino de Cotahuasi (a uns 200 quilômetros do Lago Titicaca). No lapso de 3.000 anos entre essas datas e levando-se em conta que Caral está a meio caminho entre a costa equatoriana e Cotahuasi, o milho deveria ter chegado bem antes a Caral, que além do mais está na costa. E, confirmando a suposição, estudos mais recentes demonstraram que a planta já era conhecida por essa cultura. O milho foi, é verdade, um facilitador dos grandes desenvolvimentos culturais dos Andes, a partir de uns 4.000 anos, embora outras plantas o tenham precedido na América do Sul.
Ao contrário, até pouco tempo atrás se acreditava que a domesticação do cacau foi feita na América Central dado a grande importância que teve nas culturas dessa região (em especial, os Olmecas), tendo sido considerado até como moeda entre os Maya. Mas, estudos recentes demonstraram que, ademais da existência de cacau silvestre e de espécies próximas em muitas partes da Amazônia, o cacau já era consumido na Amazônia do Equador há 5.500 anos - quiçá 7.000 anos - como se constatou nos vestígios de recipientes encontrados na província de Zamora Chinchipe. Os vestígios encontrados correspondem à cultura Mayo-Chinchipe-Marañón, que seria a "mais antiga da Amazônia ocidental" e que aparentemente se estendeu pela floresta peruana até o rio Marañón. De lá, o cacau foi levado à América Central do mesmo modo que, provavelmente, o milho chegou à América do Sul. Naqueles dias a navegação costeira, a cabotagem, já era prática comum. Há evidência de que a cultura Olmeca, do México, usou o cacau há 3 mil anos, quando obteve um desenvolvimento importante e se estendeu pela Guatemala, Honduras e Nicarágua, além do México.
O caso da origem do feijão (na realidade várias espécies do mesmo gênero), outra planta essencial para o desenvolvimento das civilizações devido à sua capacidade de ser armazenada tal como no caso dos grãos, não está bem resolvido. A sua origem americana é indiscutível, mas, são admitidos dois centros de origem e de domesticação. Um no México e outro no Peru.
O impacto humano
"Hoje não há mais dúvidas que os antigos americanos tiveram tempo suficiente, sim, para eventualmente extinguir a megafauna pleistocênica"
O ser humano é o maior modelador das paisagens, principalmente através da agricultura e da pecuária e, antes, através das suas práticas de caça e captura dos animais que eram seu principal sustento. Por isso, é importante para todos entender melhor a história da ocupação humana do continente americano que, como visto, foi um processo muito mais complexo e mais interessante que a simplista explicação propalada pelos livros que ainda dominam as bibliotecas das escolas, colégios e universidades da América Latina.
Hoje não há mais dúvidas que os antigos americanos tiveram tempo suficiente, sim, para eventualmente extinguir a megafauna pleistocênica antes de ter que substituir essa fonte de alimentos com a progressiva domesticação de grãos como a quinoa ou o milho e de tantas outras plantas como batata, batata doce, diversos feijões, mandioca, amendoim, abóboras e tomate. Apenas na região andina e andino-amazônica do Peru foram domesticadas e cultivadas 54 espécies alimentícias e outras 149 foram plantadas sem ter sido previamente domesticadas. A América do Sul é a maior provedora mundial de espécies de plantas domesticadas para a alimentação humana, das quais depende grande parte da humanidade.
Tudo indica que a falta de animais susceptíveis de domesticação como no caso de bois, equinos, caprinos, porcinos, ovinos e camelídeos das civilizações indo-europeias, os antigos americanos enfatizaram a domesticação de plantas. Os únicos animais domesticados nas Américas foram lamas, alpacas e cobaias nos Andes; uma espécie de pato na Amazônia e o peru, na América do Norte. A origem do cachorro sem pelo e de uma raça de galinhas de ovos azuis continua sendo um mistério associado às discussões prévias sobre os visitantes, em especial os chineses, ao continente. Apesar de que a pecuária foi pobre em espécies, bem antes da chegada dos europeus ela já tinha marcado indelevelmente as paisagens andinas, devido ao uso do fogo para favorecer pastagens. Essa prática teve início na pré-história, quando os caçadores do pleistoceno ateavam fogo na mata para facilitar capturar e matar as suas presas.
Em conclusão, vale a pena para aqueles que se interessam pelos temas ambientais da América Latina que mantenham um olho atento sobre as descobertas da arqueologia.
Nota:
Neste texto todos os intervalos de tempo histórico são medidos em anos contados até os dias de hoje.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

No Dia da Terra 2013, nosso planeta em forma de arte

Desde 1970 é comemorado, em 22 de abril, o Dia da Terra. Eventos são realizados em todo o mundo para demonstrar apoio à proteção ambiental. Em 2013 esses eventos chamam a atenção para as mudanças climáticas, buscando inspirar os líderes mundiais a agir e conscientizar os habitantes de nosso planeta que devem redobrar seus esforços na luta contra a mudança climática.

Para comemorar este Dia da Terra, ((o))eco separou este ano algumas mais algumas imagens feitas pela NASA, imagens cujo único propósito é celebrar a beleza de nosso planeta, sem nenhuma pretensão de serem interpretadas de maneira científica. Estas fotos fazem parte do livro "Earth As Art", e você pode pegar aqui uma a sua cópia gratuitamente.

Jordânia


Islândia


Chade


Atlântico Sul


Panínsula Arábica


Mauritânia


Rússia


Estados Unidos




A Terra como arte 2

As imagens feitas por satélites como o Terra, o EO-1, o Aqua e os Landsat 5 e 7 fornecem informações valiosas para inúmeras pesquisas científicas. Muitas vezes, porém, as imagens geradas por seus sensores proporcionam uma nova perspectiva sobre nosso planeta. São padrões, formas, cores e texturas da Terra, de seus oceanos, do gelo e de sua atmosfera. Nosso leitor Renato Prado deu a dica de um livro digital disponibilizado pela NASA que tem como único propósito celebrar a beleza de nosso planeta, sem nenhuma pretensão de serem interpretadas de maneira científica. Você pode ver abaixo algumas dessas fotos, e se quiser ver mais, pegar aqui a sua cópia do livro "Earth As Art".


Tikehau é um dos 78 atóis de coral que compõem o arquipélago de Tuamotu, a maior cadeia de atóis no mundo, localizada na Polinésia Francesa. Neste imagem de satélite, grupos coral se parecem com estrelas nesta lagoa azul-turquesa oval, com 27 km de comprimento e 19 km de largura.


A pincelada de vermelho nesta imagem feita em 2004 pelo Landsat 5 imagem é uma notável mescla de luz e nuvem nas Montanhas Rochosas canadenses. Este vale se estende desde o estado norte-americano de Montana até o sul do território canadense de Yukon. A capacidade das núvens em refletir a luz, juntamente com a baixa elevação do sol, resultou neste efeito surpreendente. 


Nesta imagem de 2003 feita pelo Landsat 7 podemos ver os redemoinhos e as graciosas espirais do rio Mississippi, cercando campos e pastos na fronteira entre os estados norte-americanos de Arkansas e Mississippi. O Mississippi é o maior sistema de rios da América do Norte e constitui a segunda maior bacia hidrográfica do mundo.


O Delta do Rio Lena, na Sibéria, se estende por mais de 100 km para dentro do Mar de Laptev no Oceano Ártico, e faz parte de uma extensa área de proteção da vida selvagem. Neste imagem feita pelo Landsat 7 em 2000, a vegetação aparece em tons de verdes, áreas arenosas em tons de vermelho e a água como roxos e azuis.


Quase tão profundo como o Grand Canyon, o Desolation Canyon tem um rico passado. Pictogramas e petróglifos das tribos Fremont e Ute são abundantes neste desfiladeiro. Nesta imagem feita pelo Landsat 7 em 2000, o Rio Verde corre para o sul através do Planalto Tavaputs antes de entrar no desfiladeiro.


A baía de Bombetoka está localizada na costa noroeste de Madagascar, perto da cidade de Mahajanga, onde o rio Betsiboka deságua no Canal de Moçambique. As últimas décadas têm testemunhado um aumento dramático na quantidade de sedimentos movidos pelo rio e depositados no estuário, afetando a agricultura, pescas e transportes em Mahajanga, um dos mais movimentados portos marítimos de Madagascar. Nesta imagem de 2000 do satélite Terra, a densa vegetação aparece em verde profundo, e a água tem uma coloração safira e é tingida de rosa onde os sedimentos são particularmente grossos.


Um vasto leque aluvial se estende através da desolada paisagem entre o Kunlun e cadeias de montanhas Altun, que formam a fronteira sul do deserto de Taklamakan na província chinesa de Xinjiang. A água que desce das montanhas aparece em azul nesta imagem de 2002 do satélite Terra. Vegetação aparece em vermelho e podem ser vista no canto superior esquerdo da imagem. 


Ilha de Akpatok está localizada na baía de Ungava, ao norte do Québec, no Canadá. Composta principalmente de calcário, a ilha é um platô, plana e sem árvores. Nesta imagem feita pelo Landsat 7 em 2001 mostra a ilha completamente coberta de neve e gelo. A ilha é um importante santuário para as aves marinhas que fazem seus ninhos em seus íngremes penhascos.


Estudo analisa projeto de lei que pretende tirar MT da Amazônia Legal

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