((o)) eco
http://www.oeco.com.br/gustavo-geiser-lista/26311-amazonia-enfim-sairam-dados-represados-do-deter?utm_source=newsletter_460&utm_medium=email&utm_campaign=as-novidades-de-hoje-em-oeco
Os números foram bons como já era esperado. Segundo a ministra Izabella Teixeira, houve redução de 23% no desmatamento acumulado nos últimos 12 meses. A notícia do governo é parecida com a análise do IMAZON, que faz seu próprio levantamento em paralelo. A diferença entre os dados do governo e do IMAZON não poderia ser larga, já que ambos utilizam os mesmos satélites para obter os dados brutos.
O estado com maior detecção de área desmatada nos meses de abril a junho foi o Mato Grosso. Em abril, foram detectados 178,5 km2 de desmatamentos, ou 76,7% do total do mês. Mas e aí, o que aconteceu no Mato Grosso para que houvesse esse aumento? Será que foi uma política estadual mais "frouxa"? Ou será simplesmente que as áreas não visíveis, devido à cobertura de nuvens, apresentam resultados piores, que não colocariam o Mato Grosso em destaque negativo? De qualquer forma, o desmatamento detectado no Mato Grosso é significativo.
Como é possível ver nos mapas acima, durante esses meses boa parte da região Norte está coberta por nuvens (área pintada de rosa) e, obviamente, os pontos de desmatamento detectados pelo DETER (pontos em amarelo no mapa) se concentram nas áreas sem nuvens. O correto é ser cauteloso, e as declarações do governo foram adequadas, nesse sentido.
Comparando os dados de 2012 com os de 2011 e 2010, verifica-se que regiões anteriormente problemáticas estão deixando de apresentar focos de desmatamento. Por exemplo, o leste do Acre, que teve muitos alertas nos anos de 2010 e 2011, não apresenta nada alarmante nos números de 2012, lembrando que, como mostram os mapas acima, foi possível monitorar essa região, pois teve pouca cobertura de nuvens no período. Isso sim, e não os percentuais, me parece motivo de comemoração, já que indica que o Estado está, finalmente, fazendo valer a lei ser cumprida em regiões-problema.
Mas, observando o segundo mapa, com os pontos de desmatamentos em 2010, 2011 e 2012 detectados pelo DETER, quais são as verificações importantes? A única observação imediata é que o Mato Grosso apresenta a situação mais crítica. Mas quais são essas áreas?
Nesse sentido volto a elogiar o IMAZON quando, ao analisar os desmatamentos detectados no seu Sistema de Alerta de Desmatamentos, não apenas compara os números em percentuais, mas agrupa-os em áreas privadas, públicas, devolutas, assentamentos, etc. Isso permite uma forma eficaz de avaliar as causas do desmatamento. Por exemplo, em seu boletim de junho, o IMAZON apontou que 26% do desmatamento ocorreu em assentamentos e outros 30% em Unidades de Conservação. Isso permite questionar quem, de fato, são os responsáveis. Será o fazendeiro que desmata sua Reserva Legal efetivamente o maior culpado? Ou seriam os grileiros, que desmatam áreas públicas na expectativa de ganharem título? No caso dos alertas em Unidades de Conservação, será que o ICMBio está sucateado ou incapaz de combater o desmatamento nas áreas sob seus cuidados?
Essas são as questões a serem levantadas para guiar a análise e o trabalho de campo, e para que a população tenha meios de debater leis e investimentos. Afinal, ainda temos sérias polêmicas de alterações de limites de Unidades de Conservação, temos o código florestal ainda em debate, e as denúncias de sucateamento dos órgãos públicos. O DETER deve ser um termômetro das iniciativas, para avaliação e correção de rumo. Devemos cobrar sua produção e divulgação -- sem novos "atrasos políticos" --, entender que é necessário avaliar os dados dentro de um contexto maior, e cobrar que, além da Amazônia, os outros biomas também sejam avaliados.
Ainda bem que neste caso o IBAMA continuou a receber os dados do INPE conforme eram produzidos. Apenas a opinião pública foi prejudicada com o atraso na divulgação. Primeiro, porque virou refém de decisões políticas, pois a promessa de transparência não é compatível com o poder de decidir quando determinada informação é divulgada. E segundo, pelo governo usar os dados de maneira leviana, como se o objetivo desse levantamento seja ter percentuais para se comemorar, e dados para escolha do próximo demônio a combater, no caso, através da "lista de municípios que mais desmataram".
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Amazônia: enfim saíram dados represados do Deter
03 de Agosto de 2012
Finalmente o Ministério do Meio Ambiente divulgou os números do DETER, sistema de alerta de desmatamentos na Amazônia produzido pelo INPE. Os números, que sempre foram divulgados com regularidade, conforme eram produzidos, estavam represados há 3 meses, e segundo o ((o))eco, o motivo não foi técnico: simplesmente o MMA esperava o momento oportuno para ganhar dividendos políticos com o anúncio dos dados. Os números foram bons como já era esperado. Segundo a ministra Izabella Teixeira, houve redução de 23% no desmatamento acumulado nos últimos 12 meses. A notícia do governo é parecida com a análise do IMAZON, que faz seu próprio levantamento em paralelo. A diferença entre os dados do governo e do IMAZON não poderia ser larga, já que ambos utilizam os mesmos satélites para obter os dados brutos.
O estado com maior detecção de área desmatada nos meses de abril a junho foi o Mato Grosso. Em abril, foram detectados 178,5 km2 de desmatamentos, ou 76,7% do total do mês. Mas e aí, o que aconteceu no Mato Grosso para que houvesse esse aumento? Será que foi uma política estadual mais "frouxa"? Ou será simplesmente que as áreas não visíveis, devido à cobertura de nuvens, apresentam resultados piores, que não colocariam o Mato Grosso em destaque negativo? De qualquer forma, o desmatamento detectado no Mato Grosso é significativo.
Como é possível ver nos mapas acima, durante esses meses boa parte da região Norte está coberta por nuvens (área pintada de rosa) e, obviamente, os pontos de desmatamento detectados pelo DETER (pontos em amarelo no mapa) se concentram nas áreas sem nuvens. O correto é ser cauteloso, e as declarações do governo foram adequadas, nesse sentido.
Comparando os dados de 2012 com os de 2011 e 2010, verifica-se que regiões anteriormente problemáticas estão deixando de apresentar focos de desmatamento. Por exemplo, o leste do Acre, que teve muitos alertas nos anos de 2010 e 2011, não apresenta nada alarmante nos números de 2012, lembrando que, como mostram os mapas acima, foi possível monitorar essa região, pois teve pouca cobertura de nuvens no período. Isso sim, e não os percentuais, me parece motivo de comemoração, já que indica que o Estado está, finalmente, fazendo valer a lei ser cumprida em regiões-problema.
Mas, observando o segundo mapa, com os pontos de desmatamentos em 2010, 2011 e 2012 detectados pelo DETER, quais são as verificações importantes? A única observação imediata é que o Mato Grosso apresenta a situação mais crítica. Mas quais são essas áreas?
Nesse sentido volto a elogiar o IMAZON quando, ao analisar os desmatamentos detectados no seu Sistema de Alerta de Desmatamentos, não apenas compara os números em percentuais, mas agrupa-os em áreas privadas, públicas, devolutas, assentamentos, etc. Isso permite uma forma eficaz de avaliar as causas do desmatamento. Por exemplo, em seu boletim de junho, o IMAZON apontou que 26% do desmatamento ocorreu em assentamentos e outros 30% em Unidades de Conservação. Isso permite questionar quem, de fato, são os responsáveis. Será o fazendeiro que desmata sua Reserva Legal efetivamente o maior culpado? Ou seriam os grileiros, que desmatam áreas públicas na expectativa de ganharem título? No caso dos alertas em Unidades de Conservação, será que o ICMBio está sucateado ou incapaz de combater o desmatamento nas áreas sob seus cuidados?
Essas são as questões a serem levantadas para guiar a análise e o trabalho de campo, e para que a população tenha meios de debater leis e investimentos. Afinal, ainda temos sérias polêmicas de alterações de limites de Unidades de Conservação, temos o código florestal ainda em debate, e as denúncias de sucateamento dos órgãos públicos. O DETER deve ser um termômetro das iniciativas, para avaliação e correção de rumo. Devemos cobrar sua produção e divulgação -- sem novos "atrasos políticos" --, entender que é necessário avaliar os dados dentro de um contexto maior, e cobrar que, além da Amazônia, os outros biomas também sejam avaliados.
Ainda bem que neste caso o IBAMA continuou a receber os dados do INPE conforme eram produzidos. Apenas a opinião pública foi prejudicada com o atraso na divulgação. Primeiro, porque virou refém de decisões políticas, pois a promessa de transparência não é compatível com o poder de decidir quando determinada informação é divulgada. E segundo, pelo governo usar os dados de maneira leviana, como se o objetivo desse levantamento seja ter percentuais para se comemorar, e dados para escolha do próximo demônio a combater, no caso, através da "lista de municípios que mais desmataram".
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