terça-feira, 29 de maio de 2012

Manifesto ecopolítico

sobrenaturezas - puc rs
http://www.sobrenaturezas.blog.br/2012/05/28/debate-sobre-rio20-e-economia-sustentavel-na-pucrs/


Manifesto ecopolítico
Por um futuro que não seja mais o mesmo

Ambiente, ambiental, sustentável, ecologia, economia ecológica, economia verde, governança ambiental. Com a aproximação da Rio+20, esses conceitos circulam vertiginosamente no polissêmico vocabulário ambiental. Neste idioma complexo, cabe afirmar a sustentabilidade e o futuro que queremos.  Um futuro que desde hoje se paute pela coexistência criativa no plano social e ambiental e que constitua um mundo onde valha a pena habitar. Neste sentido, afirmamos as seguintes posições:

1. A pauta da Rio+20 aposta energias num futuro que não é mais do que o presente projetado para frente, ou seja, mais do mesmo, uma repetição infinita de versões verdes de um capitalismo renovado em seu discurso social e ambiental, sem efetiva condição de enfrentar a desigualdade do mundo global. Um globo que se expande para as grandes corporações enquanto as pessoas que são crescentemente excluídas de acesso às grandes vias de comunicação, de conhecimento e de riqueza que levam para o futuro apenas as “primeiras classes” do mundo global.

2. Abandeira da ”economia verde” sinalizada pela Rio+20 não representa nossos anseios. Defendemos uma economia a serviço da justiça ambiental, da distribuição equitativa do acesso aos bens ambientais entre as gerações presentes e futuras e da viabilização de formas sustentáveis de viver.  Queremos uma economia que qualifique o consumo como ato responsável e solidário. Uma economia baseada no livre acesso ao conhecimento, no livre trânsito das pessoas pelos territórios, e na promoção do equilíbrio entre necessidades dos grupos humanos de todas as classes sociais e os limites ambientais.

3. Acreditamos que outro modo de relação entre natureza e cultura seja condição para uma política ambiental criativa e capaz de avançar na inclusão de outros sujeitos e seres que habitam o mundo.  Ao deixar de ver os não-humanos (comumente chamados de “natureza”) como mero recurso passivo para crescimento dos negócios humanos, é possível tomá-los como agentes com quem habitamos o mundo e com quem devemos nos relacionar de forma mais simétrica.

4. O atual ambiente de guerras, o surgimento de novos movimentos sociais globais, das ações dos coletivos e acampamentos de ocupação contra as grandes corporações, de insurgências contra regimes autoritários na chamada primavera árabe, demonstram a necessidade de um novo ambientalismo, ancorado em estratégias e estilos de intervenção sintonizados com as lutas por uma democracia cosmopolítica.

Grupo de pesquisa SobreNaturezas

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Debate sobre Rio+20 e economia sustentável na PUCRS


A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS (PRPPG) promoveu na sexta-feira, 25 de maio, mais uma edição do Fórum de Interdisciplinaridade. Neste mês, o tema foi Rio+20: economia verde, governança global e sustentabilidade ambiental: qual o futuro que queremos?
A economia verde na Rio+20 e a economia no futuro que queremos, com o professor da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia Gustavo Inácio de Moraes. Para ele, não incorporamos todo impacto ambiental nos preços e há uma grande dificuldade nas cadeias de consumo com alto grau de entropia. Destaca ainda que vivemos no período de maior emissão de gases de efeito estufa da história e que há um cenário pessimista para a Rio+20, devido a crise econômica mundial e a desaceleração da China. No fechamento de sua fala, enfatiza que precisamos conciliar geração de renda com sustentabilidade e trás a desmaterialização do consumo como um desafio emergente.
Para tratar sobre os mecanismos de governança ambiental no futuro que queremos, o professor da Faculdade de Direito Juarez Freitas inicia criticando o conceito de desenvolvimento sustentável proposto pelo Relatório Bruntland em 1987. Segundo ele, “o conceito é últi, prestimoso mas insuficiente, pois sustentabilidade não é somente necessidades materiais, mas também valores éticos, equidade e, acima de tudo, bem estar para as presentes e futuras gerações.” Aborda ainda o exemplo da política de mobilidade urbana do Brasil, cujo modelo baseado no veículo é insustentável. “O pensamento sistêmico, dialógico e atemporal devem estar presentes nestas questões, e, acima de tudo, a valorização da dignidade humana”
O professor da Faculdade de Química Marcus Seferin abordou a sustentabilidade ambiental no futuro que queremos, destacando para elementos como a perda da biodiversidade e ainda as condições de desacordo entre o ter e o querer, fazendo assim uma reflexão sobre a importância da educação para sustentabilidade e na mudança cultural.
Ao final do debate, a mediadora professora Isabel Carvalho destacou que a universidade e seu campus tem o desafios de serem espaços educadores sustentáveis, referências para a sociedade. No evento foi lançado ainda o manifesto ecopolítico do grupo de pesquisa Sobrenaturezas.

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