http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/conteudo_293882.shtml?func=1&pag=0&fnt=9pt
ETERNA INSPIRAÇÃO
O Tratado de Educação Ambiental e Moema Viezzer
O Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global é um dos documentos gerados durante a Eco-92. A cientista social, Moema Viezzer - que ajudou a articular os movimentos que originaram o Tratado - fala sobre a importância desse documento que ainda se mantém como prática inspiradora
Divulgação
Moema Viezzer
Palavras têm força. É o que acreditavam os mais de 500 educadores que escreveram coletivamente o Tratado e é no que acreditam, até hoje, os que participaram do processo durante a Eco-92. ComoMoema Viezzer, cientista social que atuou no Movimento Feminista e trabalhou com educação ambiental na Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Cetesb, em São Paulo.
Moema ajudou a articular a primeira jornada que originou o Tratado, reunindo centenas de mentes e mãos para dar corpo às necessidades emergentes ligadas às questões ambientais. Ela é uma das articuladoras da Segunda Jornada de Educação Ambiental que, até 2012, pretende, entre outras ações, difundir ainda mais o tratado. Ela lembra que o trabalho de reunir essas pessoas no Rio de Janeiro também marcou a grande conferência da ONU.
Pela primeira vez, organizações não-governamentais e movimentos sociais ganharam destaque, reunidos em um evento paralelo à Eco-92 o Fórum Internacional de Ongs e Movimentos Sociais e colaborando com a sociedade civil na redação de 36 tratados. Os temas eram diversos: de modelos econômicos alternativos ao compromisso dos cidadãos em relação a biodiversidade, todo o esforço foi concentrado na busca por debater um modelo de desenvolvimento que harmonizasse igualdade social e proteção dos recursos naturais.
O grande desafio foi buscar o entendimento para o papel da educação na construção de um mundo sustentável.
Foi uma aventura, comenta Moema Viezzer. E tudo começou com uma carta de compromissos chamando pessoas de todo o planeta a continuarem a redação desse texto coletivo. Essa carta circulou por vários países durante seminários, oficinas e encontros, ganhando a participação de quem inspirava-se a contribuir para o pacto proposto no documento: construir um compromisso da humanidade para o novo milênio. Uma comissão, da qual Moema participou, sistematizou todas essas contribuições para apresentá-las durante o fórum realizado no momento da Eco-92.
Foi uma verdadeira oficina de palavras, em um texto no qual transparecia a compreensão coletiva sobre a missão da educação ambiental e os caminhos para realizá-la, lembra Marcos Sorrentino, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de São Paulo (Procam-USP), ex-diretor do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA-MMA), que debate o documento, sempre que pode, em sala de aula e nas conferências que participa.
Não foi fácil chegar ao texto final do tratado. O que, hoje, é consenso universal a necessidade de incorporar meio ambiente nas ações de aprendizagem , na época foi questionado. Para quê o termo educação ambiental?, alguns dos educadores participantes do processo perguntaram. A inclusão do termo sociedades sustentáveis também criou polêmica, pois o que atualmente foca o esforço da humanidade foi visto por muitos como duvidoso: harmonizar crescimento econômico com sustentabilidade. Tínhamos históricos diferentes; nós, educadores dos países em desenvolvimento, e outros, como os vindos da América do Norte, que tinham um pouco diferente da nossa sobre o papel da educação em relação ao meio ambiente, lembra Moema.
É por isso que o Tratado é assumido por alguns especialistas como uma espécie de divisor de águas da educação ambiental. Com esse documento, a educação ambiental ganhou uma perspectiva política, provocadora de mudanças sociais que vão além do estímulo a posturas individuais. Para Moema e todos os educadores que ajudaram a construir o Tratado, é importante fechar a torneira para economizar água como recurso, mas educação ambiental vai muito além.
Mas ainda há muito para incorporar todos os princípios e ações propostos no tratado. Tanto no ensino formal o universo escolar quanto nas práticas de educação ambiental realizadas dentro de empresas, especialistas indicam que é necessário aprofundar nas ações, pensando a longo prazo. Em uma reportagem da revista Nova Escola sobre educação ambiental Em defesa do Planeta -, a consultora de Geografia daFundação Vitor Civita e professora da Universidade de São Paulo - USP, Sueli Furlan, lembrou que não basta plantar árvores ou separar o lixo na escola. Avançar significa explorar com os alunos como a falta de árvores afeta a vida na cidade, e no caso do lixo, descobrir com eles formas de melhorar a coleta na região onde vivem.
Para Moema, processo parecido deve acontecer com as empresas. Dentro do princípio de que somos todos aprendizes, a tal aprendizagem transformadora indica que as empresas precisam inserir valores internos, e não somente investir em financiamento de projetos externos. O ser humano só investe naquilo em que acredita. Se a empresa se abre para mudanças em seus valores, desde sua liderança, os funcionários terão espaço para também acreditarem que é possível e positivo mudar suas posturas, diz ela.
A cientista social fala desse universo de uma empresa não apenas como educadora, mas como consultora com experiência na área. Hoje prestando assessoria à Itaipu Binacional, quando Moema trabalhou na Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), na década de 1980, enfrentou um dos desafios mais motivadores de sua carreira: iniciar um processo de diálogo entre a estatal, a comunidade de Cubatão, no litoral Sul de São Paulo, e as empresas do pólo industrial - que sustentavam a nada honrosa posição no ranking de maiores contribuintes de Cubatão como uma das cidades mais poluídas do mundo. Ela lembra que, nessa época, era difícil esse diálogo, mas houve conquistas que aproximaram esses distintos públicos em busca de soluções.
Moema ainda apresenta uma visão crítica que pode ser chave para a educação ambiental realmente incorporar os princípios do Tratado. Ela lembra que, para muitas empresas, escolas e instituições, educação ambiental é sinônimo de regras e normas como não destrua as plantas ou é proibido jogar lixo. Regras, para a consultora, dificultam a relação de empatia necessária para o processo de mudança de consciência.
A educação ambiental deve primar pela capacidade de não impor a obrigação de zelar pela vida, com o mero legalismo do ambiente fundado sobre os termos culpa ou dever. Deve, sim, revelar o prazer de estar vivo, despertar o profundo sentimento de plenitude de estar vivo e de compartilhar esta vida numa trama que envolve a todos os seres vivos, sábia e solidariamente, escreveu a consultora em um de seus numerosos artigos sobre o tema.
Essas pessoas já participaram de um círculo de diálogos com pensadores como Leonardo Boff, e até de visitas técnicas para conhecer cooperativas de separação de lixo para reciclagem.
Parte do sucesso do programa de gerenciamento de resíduos da empresa, que está conseguindo enviar para a coleta seletiva 25% de todos os resíduos produzidos (uma média alta, em relação ao Brasil, que não passa de 15%), se deve ao empenho dessa rede de voluntários, que disseminam seu aprendizado em todos os setores da Itaipu. Tudo o que fazemos é repassado para a rede, que ajuda a difundir informações, lembra Leila.
Externamente, a empresa investe em parcerias com a comunidade local através de comitês gestores dos 29 municípios no entorno da bacia do Paraná 3, promovendo principalmente ações de educação ambiental. Mais uma vez, o tratado de educação ambiental se reflete nas relações de aprendizado. O tratado foca o trabalho participativo e não desconsidera nenhum saber, além de nos orienta a conduzir ações conforme a realidade local, explica Leila, lembrando que o documento foi lançado entre os 300 educadores participantes dos comitês e que cada um formou comunidades de aprendizagem para trabalhar com o Tratado e outros documentos de referência para a educação ambiental.
Compartilhe esse texto e os documentos referentes ao Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Leve a sua empresa, escola, associação de bairro. Coloque em listas de discussões, posts em blog, mande para os amigos por e-mail. Discuta coletivamente como contribuir para a continuidade desse tratado e avance no seu papel de elemento transformador, para uma sociedade global que priorize a sustentabilidade:¿
Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global
Reúne as recomendações do Tratado.
Video sobre o tratado
Apresentação dos princípios do Tratado, elaborado pela professora Michele Sato, da Universidade Federal do Mato Grosso UFMT e da Rede Matogrossense de Educação Ambiental - Remtea
DEA/MMA
Área do portal do Ministério do Meio Ambiente com informações sobre a segunda jornada do Tratado de Educação Ambiental.
Educação Ambiental Corporativa
Artigo de Michelle D. T. Lorencetti, Marlene M. O. Curtis, Silvana Vitorassi, Leila F. S. Alberton e Maria Emília M. de Souza, com o relato da experiência da Itaipu Binacional sobre gerenciamento de resíduos e educação ambiental.
Parte do sucesso do programa de gerenciamento de resíduos da empresa, que está conseguindo enviar para a coleta seletiva 25% de todos os resíduos produzidos (uma média alta, em relação ao Brasil, que não passa de 15%), se deve ao empenho dessa rede de voluntários, que disseminam seu aprendizado em todos os setores da Itaipu. Tudo o que fazemos é repassado para a rede, que ajuda a difundir informações, lembra Leila.
Externamente, a empresa investe em parcerias com a comunidade local através de comitês gestores dos 29 municípios no entorno da bacia do Paraná 3, promovendo principalmente ações de educação ambiental. Mais uma vez, o tratado de educação ambiental se reflete nas relações de aprendizado. O tratado foca o trabalho participativo e não desconsidera nenhum saber, além de nos orienta a conduzir ações conforme a realidade local, explica Leila, lembrando que o documento foi lançado entre os 300 educadores participantes dos comitês e que cada um formou comunidades de aprendizagem para trabalhar com o Tratado e outros documentos de referência para a educação ambiental.
Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global
Reúne as recomendações do Tratado.
Video sobre o tratado
Apresentação dos princípios do Tratado, elaborado pela professora Michele Sato, da Universidade Federal do Mato Grosso UFMT e da Rede Matogrossense de Educação Ambiental - Remtea
DEA/MMA
Área do portal do Ministério do Meio Ambiente com informações sobre a segunda jornada do Tratado de Educação Ambiental.
Educação Ambiental Corporativa
Artigo de Michelle D. T. Lorencetti, Marlene M. O. Curtis, Silvana Vitorassi, Leila F. S. Alberton e Maria Emília M. de Souza, com o relato da experiência da Itaipu Binacional sobre gerenciamento de resíduos e educação ambiental.
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