http://www.oecoamazonia.com/br/artigos/9-artigos/259-escola-da-amazonia-um-laboratorio-de-educacao-ambiental
“Para a maioria dos brasileiros, a Amazônia é um lugar exótico e distante, com o qual tem apenas um tênue laço de afetividade e responsabilidade” |
“O maior e mais deprimente problema de conservação não é a destruição do habitat ou a sobreexploração, mas a indiferença humana diante desses problemas”. Esse argumento do professor da Universidade de Cambridge Andrew Balmford é particularmente pertinente na relação entre os brasileiros e a floresta amazônica. Para a maioria dos brasileiros, a Amazônia é um lugar exótico e distante, com o qual tem apenas um tênue laço de afetividade e responsabilidade. Embora a área da Amazônia corresponda a cerca de 61 porcento do território nacional, mais de 80 porcento dos brasileiros vivem fora da região e simplesmente longe demais para se importar com as queimadas, motosserras e correntões que destroem a floresta. Por outro lado, aqueles que vivem na fronteira agrícola da Amazônia, diante dos mais altos índices de desmatamento tropical no mundo, são tipicamente migrantes e filhos de migrantes, que precisam de renda, mas têm pouco conhecimento sobre como utilizar os recursos que a floresta oferece. Compartilham a noção de que a única maneira pela qual podem ganhar a vida é criando gado. Para eles, a floresta vale mais depois de derrubada e convertida em pasto.
De acordo com essa visão, o futuro sustentável da Amazônia vai exigir a disseminação de conhecimentos sobre a floresta - seus usos, sua importância e seu estado de conservação – e, acima de tudo, uma mudança nos valores atribuídos a ela. As pessoas deverão se importar com a floresta, tanto por causa dos produtos e serviços que ela oferece, quanto por razões éticas e estéticas, culturais e sentimentais. Razão e emoção deverão formar as bases de uma relação responsável com a floresta. Ora, conhecimentos e valores são adquiridos por meio da experiência e, sobretudo, por meio da educação. Portanto, a crise ambiental na Amazônia é, em última análise, também uma crise da educação. Em resposta a isso, criamos a Escola da Amazônia, cujo objetivo é desenvolver e testar abordagens de educação para fomentar entre os brasileiros – principalmente os mais jovens – o interesse, o apego e, consequentemente, o respeito pela floresta.
A história
Maratona de Nova York, 1998. No quilômetro 25 de um percurso de 42 quilômetros, uma repentina e completa fratura por estresse do meu fêmur direito pôs um fim no meu plano de completar a mais badalada corrida de rua do mundo. Caí em estado de choque sobre o asfalto gelado sem ter a menor ideia do que havia acontecido e menos ainda das implicações que aquilo teria sobre minha vida. Três cirurgias nos quatro meses subsequentes, uma severa infecção hospitalar e nove meses sem andar puseram também um fim prematuro no meu doutorado em ecologia, já que fazer o trabalho de campo nas reservas do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais usando muletas seria impossível. Numa guinada do destino, encerrava-se minha curta carreira de aspirante a ecólogo de florestas tropicais, mas minha vida profissional tomava um novo rumo que culminaria na criação da Escola da Amazônia.
Enquanto me recuperava da fratura, aceitei o convite para assumir o cargo de diretor acadêmico do programa Manejo de Recursos Naturais e Ecologia Humana na Amazônia, da School for International Training (SIT). A SIT oferece programas de estudos em diversos países – os Semestres Letivos no Exterior – que proporcionam a universitários americanos uma oportunidade rara de imersão em temas específicos. O programa brasileiro tinha sua sede em Belém do Pará, onde os alunos passavam as cinco primeiras semanas morando em casas de família enquanto frequentavam aulas de português e assistiam palestras de representantes das instituições locais dedicadas à questão socioambiental na Amazônia, tais como Museu Emílio Goeldi, Imazon e Funai. Na etapa seguinte, passávamos um mês inteiro viajando e conhecendo um pouco de tudo que é relevante para a conservação e o desenvolvimento na região, desde as hidrelétricas de Tucuruí e Balbina e as madeireiras de Paragominas, mineração em Carajás, Serra do Navio e Rio Trombetas, plantações em Jari e Tomé-Açú, pecuária em Marajó e pesca nas reentrâncias paraenses, até os trabalhos do Projeto Saúde e Alegria no rio Tapajós e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Mamirauá nas várzeas do rio Solimões. Na última etapa do programa, os alunos tinham um mês inteiro para desenvolver seu próprio projeto de pesquisa, sob minha supervisão.
A experiência era fantástica, mas me incomodava o fato de que apenas alguns poucos estudantes americanos tinham o privilégio de conhecer a Amazônia brasileira de modo tão completo e profundo. A maioria daqueles estudantes não se envolvia com o tema da conservação quando voltava para suas vidas nos Estados Unidos e praticamente todos perdiam o vínculo com a Amazônia. Decidi então buscar uma maneira de oferecer aquela oportunidade a estudantes brasileiros também. Foi com essa motivação que abri, em 2000, a firma Amazonarium, cuja missão era incentivar e facilitar a vinda de estudantes para a Amazônia, oferecendo excursões e oportunidades de imersão cultural nos moldes da SIT. Naquele mesmo ano, por meio do Amazonarium, conheci a empresária e ambientalista Vitória da Riva Carvalho, a Dona Vitória, proprietária do Hotel de Selva Cristalino (Cristalino Jungle Lodge) e presidente da Fundação Ecológica Cristalino (FEC), e com ela estabeleci uma colaboração para levar estudantes para Alta Floresta, na fronteira agrícola da Amazônia.
Em 2002, Dona Vitória e eu demos à nossa colaboração o nome de Escola da Amazônia. No ano seguinte, realizamos nossa primeira oficina com jovens de escolas públicas de Alta Floresta. Um pouco mais tarde, Edson Grandisoli, que por felicidade era meu melhor amigo dos tempos da graduação na USP, entrou para o time e passou a trazer para a Escola da Amazônia grupos de jovens do ensino médio dos colégios particulares de São Paulo onde lecionava. Em 2005, a Escola da Amazônia foi incorporada à FEC e passou a receber apoio de patrocinadores, graças ao empenho do seu então diretor executivo, Renato Farias. No mesmo ano, voltei à academia, com um doutorado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, para investigar os fatores cognitivos, afetivos e sociais que determinam o comportamento humano de matar grandes felinos e como usar educação e comunicação – como usar a Escola da Amazônia – para influenciar aqueles fatores e aumentar a tolerância humana às onças. Nos anos seguintes, a Escola da Amazônia se consolidaria como um laboratório de técnicas e estratégias em educação para a conservação.
Os objetivos
Nesses 8 anos de experimentações, a Escola da Amazônia explorou os meios para se alcançar fundamentalmente três objetivos: (i) identificar, mensurar e monitorar os fatores que determinam o comportamento das pessoas em relação à floresta e sua biodiversidade, (ii) influenciar tal comportamento por meio da educação, de modo a torná-lo mais compatível com a conservação, e (iii) desenvolver um modelo de educação para a conservação que seja sustentável dos pontos de vista institucional e financeiro.
Entender o comportamento humano em relação ao mundo natural deveria ser o primeiro passo de qualquer programa de educação para a conservação. As principais ameaças à biodiversidade - destruição de habitat, sobreexploração, introdução de espécies exóticas, e poluição - são resultado direto do comportamento humano. Ao identificar e mensurar os fatores pessoais e sociais que determinam um comportamento de interesse, o educador conservacionista pode escolher intervenções que abordem especificamente os fatores mais relevantes, elaborando estratégias mais efetivas e eficientes de mudança de comportamento. A mensuração desses fatores permite também que o educador monitore as mudanças decorrentes de suas intervenções, avalie o impacto da educação e, em última análise, demonstre o sucesso de seu trabalho. Apesar da importância dessas avaliações, são raros os projetos de educação ambiental que fazem uso delas. Educação para a conservação tem sido tradicionalmente um campo de trabalho de biólogos e outros profissionais das ciências naturais cuja formação acadêmica não inclui as teorias e métodos das ciências sociais aplicados ao estudo e à mudança do comportamento humano.
Diversas atividades da Escola da Amazônia tiveram como ponto de partida os conhecimentos, percepções e valores do público-alvo, avaliados de forma qualitativa e quantitativa por meio de métodos de pesquisa em ciências sociais adaptados às peculiaridades locais. Questionários, entrevistas individuais, grupos focais e mapas de conceitos são exemplos de tais métodos. Construímos escalas para quantificar as variáveis de interesse e fizemos avaliações antes e depois das intervenções de modo a mensurar seu impacto sobre os participantes. O melhor exemplo dessa abordagem entre as atividades da Escola da Amazônia foi o Projeto Gente e Onças, tema do meu doutorado.
As principais abordagens de educação experimentadas na Escola da Amazônia são aquelas que priorizam a aprendizagem ativa, na qual os alunos constroem seus próprios conceitos sobre as informações que adquirem explorando a floresta. Os alunos são incentivados a compartilhar e discutir suas descobertas e ideias, generalizando do local para o global. Dessa forma, se aproximam da compreensão de sua conexão com a floresta; de como afetam e são afetados pela Amazônia.
Nas oficinas Um Dia na Floresta, atividades lúdicas foram desenvolvidas para despertar e fortalecer em crianças laços afetivos com a floresta. Ironicamente, uma a cada cinco crianças naquela parte da fronteira agrícola da Amazônia nunca pôs os pés na floresta! O programa Práticas Alternativas teve como objetivo estimular entre jovens do meio rural o interesse por atividades econômicas que não implicam na derrubada da floresta, entre elas o ecoturismo. O projeto Macaco-Aranha-da-Cara-Branca investigou o potencial do carismático primata, endêmico da região, como espécie-bandeira para a proteção do Parque Estadual do Cristalino. No projeto Gente e Onças, palestras e discussões em sala de aula e uma variedade de ferramentas de comunicação, entre elas cartazes, oficinas de desenho, teatro, livros de atividades e um guia para produtores rurais (Guia de Convivência Gente e Onças) foram desenvolvidos para aumentar a tolerância das pessoas aos grandes felinos. Nos Workshops sobre Desenvolvimento Socioeconômico e Conservação da Biodiversidade, alunos visitantes de alguns dos mais influentes colégios particulares de São Paulo – prováveis futuros tomadores de decisão – são expostos à realidade da fronteira do desmatamento, discutem as oportunidades de integração entre desenvolvimento e conservação na região, e refletem sobre sua responsabilidade sobre o destino da Amazônia, tanto como cidadãos quanto como futuros profissionais.
Educação para a conservação leva tempo para causar o impacto desejado. Muitos projetos de educação ambiental são encerrados por falta de apoio institucional e financeiro antes de cumprirem plenamente sua missão. Isso se constitui em desperdício de recursos e contribui para a noção de que a educação ambiental não é efetiva para fins de conservação. Educação ambiental, combinada com incentivos legais e econômicos e participação comunitária, pode sim ser efetiva, porém a longo prazo. É vital, portanto, que ela seja sustentável institucional e financeiramente.
A Escola da Amazônia testou mecanismos de sustentabilidade para a educação ambiental. Em sua colaboração com as escolas locais, envolveu diretores e professores e propôs a criação de um Grupo de Trabalho em Educação para a Conservação, composto por representantes das instituições locais competentes, incluindo as secretarias de educação e de meio ambiente, como um modo de legitimizar suas ações. Sua associação com um empreendimento turístico privado nos forneceu insights sobre as oportunidades e sinergias na integração entre educação ambiental e ecoturismo; a educação se beneficia da infraestrutura do turismo enquanto agrega valor ao empreendimento na medida que a consciência socioambiental cresce entre os turistas. Além disso, turistas podem contribuir diretamente por meio de “taxas de conservação”, da compra de produtos do projeto tais como camisetas, adesivos e publicações, e da divulgação do projeto através das redes sociais.
No programa Escolas Irmãs, fomentamos a cooperação entre escolas públicas rurais locais e colégios particulares visitantes, com benefícios acadêmicos para ambos os lados e benefícios materiais para a escola local, já que a cooperação envolvia a doação de material escolar pelo colégio visitante e parte da renda gerada pela visita era usada para subsidiar a participação dos alunos da escola local. Por esse esforço em desenvolver um modelo sustentável de educação ambiental, diminuindo a distância geográfica e cultural entre classes sociais num país de desigualdades como o nosso, a Escola da Amazônia recebeu o Whitley Award 2007. O prêmio é considerado o Oscar da conservação na Inglaterra e foi recebido das mãos da Princesa Anne em Londres.
As realizações e os próximos passos
A Escola da Amazônia avaliou mais de 2000 estudantes de escolas locais e de grupos visitantes e envolveu em seus experimentos aproximadamente 1500 crianças e jovens e 50 professores de 15 escolas públicas locais, além de mais de 300 jovens e 25 professores de 5 colégios particulares de São Paulo e 2 universidades estrangeiras. Nossos resultados têm sido apresentados em congressos e outros eventos e publicados nas mídias popular e científica. Ainda a fim de compartilhar com outros educadores conservacionistas as lições aprendidas, lançamos no final de 2010, no Zoo de São Paulo, o curso Planejamento, Implementação e Avaliação de Ações em Educação Ambiental.
Como é comum na pesquisa científica, algumas das questões respondidas ao longo do caminho suscitaram novas questões. Entre as próximas questões a serem abordadas pela Escola da Amazônia, as mais estimulantes são as referentes à replicabilidade do projeto. Estamos buscando oportunidades de testar a aplicabilidade de algumas de nossas abordagens em outras partes do Arco do Desmatamento e da Amazônia como um todo, nos outros biomas brasileiros e em diferentes contextos institucionais, com interesse especial nos contextos empresariais e governamentais. Esperamos assim contribuir para que os brasileiros assumam seu papel na conservação das florestas e da biodiversidade excepcional que nosso país abriga.
Silvio Marchini é doutor em Conservação da Vida Silvestre, fundador da Escola da Amazônia. E-mail:silvio@escoladaamazonia.org
De acordo com essa visão, o futuro sustentável da Amazônia vai exigir a disseminação de conhecimentos sobre a floresta - seus usos, sua importância e seu estado de conservação – e, acima de tudo, uma mudança nos valores atribuídos a ela. As pessoas deverão se importar com a floresta, tanto por causa dos produtos e serviços que ela oferece, quanto por razões éticas e estéticas, culturais e sentimentais. Razão e emoção deverão formar as bases de uma relação responsável com a floresta. Ora, conhecimentos e valores são adquiridos por meio da experiência e, sobretudo, por meio da educação. Portanto, a crise ambiental na Amazônia é, em última análise, também uma crise da educação. Em resposta a isso, criamos a Escola da Amazônia, cujo objetivo é desenvolver e testar abordagens de educação para fomentar entre os brasileiros – principalmente os mais jovens – o interesse, o apego e, consequentemente, o respeito pela floresta.
A história
Maratona de Nova York, 1998. No quilômetro 25 de um percurso de 42 quilômetros, uma repentina e completa fratura por estresse do meu fêmur direito pôs um fim no meu plano de completar a mais badalada corrida de rua do mundo. Caí em estado de choque sobre o asfalto gelado sem ter a menor ideia do que havia acontecido e menos ainda das implicações que aquilo teria sobre minha vida. Três cirurgias nos quatro meses subsequentes, uma severa infecção hospitalar e nove meses sem andar puseram também um fim prematuro no meu doutorado em ecologia, já que fazer o trabalho de campo nas reservas do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais usando muletas seria impossível. Numa guinada do destino, encerrava-se minha curta carreira de aspirante a ecólogo de florestas tropicais, mas minha vida profissional tomava um novo rumo que culminaria na criação da Escola da Amazônia.
“Caí em estado de choque sobre o asfalto gelado sem ter a menor ideia do que havia acontecido e menos ainda das implicações que aquilo teria sobre minha vida” |
A experiência era fantástica, mas me incomodava o fato de que apenas alguns poucos estudantes americanos tinham o privilégio de conhecer a Amazônia brasileira de modo tão completo e profundo. A maioria daqueles estudantes não se envolvia com o tema da conservação quando voltava para suas vidas nos Estados Unidos e praticamente todos perdiam o vínculo com a Amazônia. Decidi então buscar uma maneira de oferecer aquela oportunidade a estudantes brasileiros também. Foi com essa motivação que abri, em 2000, a firma Amazonarium, cuja missão era incentivar e facilitar a vinda de estudantes para a Amazônia, oferecendo excursões e oportunidades de imersão cultural nos moldes da SIT. Naquele mesmo ano, por meio do Amazonarium, conheci a empresária e ambientalista Vitória da Riva Carvalho, a Dona Vitória, proprietária do Hotel de Selva Cristalino (Cristalino Jungle Lodge) e presidente da Fundação Ecológica Cristalino (FEC), e com ela estabeleci uma colaboração para levar estudantes para Alta Floresta, na fronteira agrícola da Amazônia.
Em 2002, Dona Vitória e eu demos à nossa colaboração o nome de Escola da Amazônia. No ano seguinte, realizamos nossa primeira oficina com jovens de escolas públicas de Alta Floresta. Um pouco mais tarde, Edson Grandisoli, que por felicidade era meu melhor amigo dos tempos da graduação na USP, entrou para o time e passou a trazer para a Escola da Amazônia grupos de jovens do ensino médio dos colégios particulares de São Paulo onde lecionava. Em 2005, a Escola da Amazônia foi incorporada à FEC e passou a receber apoio de patrocinadores, graças ao empenho do seu então diretor executivo, Renato Farias. No mesmo ano, voltei à academia, com um doutorado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, para investigar os fatores cognitivos, afetivos e sociais que determinam o comportamento humano de matar grandes felinos e como usar educação e comunicação – como usar a Escola da Amazônia – para influenciar aqueles fatores e aumentar a tolerância humana às onças. Nos anos seguintes, a Escola da Amazônia se consolidaria como um laboratório de técnicas e estratégias em educação para a conservação.
Os objetivos
Nesses 8 anos de experimentações, a Escola da Amazônia explorou os meios para se alcançar fundamentalmente três objetivos: (i) identificar, mensurar e monitorar os fatores que determinam o comportamento das pessoas em relação à floresta e sua biodiversidade, (ii) influenciar tal comportamento por meio da educação, de modo a torná-lo mais compatível com a conservação, e (iii) desenvolver um modelo de educação para a conservação que seja sustentável dos pontos de vista institucional e financeiro.
“Entender o comportamento humano em relação ao mundo natural deveria ser o primeiro passo de qualquer programa de educação para a conservação” |
As principais abordagens de educação experimentadas na Escola da Amazônia são aquelas que priorizam a aprendizagem ativa, na qual os alunos constroem seus próprios conceitos sobre as informações que adquirem explorando a floresta. Os alunos são incentivados a compartilhar e discutir suas descobertas e ideias, generalizando do local para o global. Dessa forma, se aproximam da compreensão de sua conexão com a floresta; de como afetam e são afetados pela Amazônia.
Educação para a conservação leva tempo para causar o impacto desejado. Muitos projetos de educação ambiental são encerrados por falta de apoio institucional e financeiro antes de cumprirem plenamente sua missão. Isso se constitui em desperdício de recursos e contribui para a noção de que a educação ambiental não é efetiva para fins de conservação. Educação ambiental, combinada com incentivos legais e econômicos e participação comunitária, pode sim ser efetiva, porém a longo prazo. É vital, portanto, que ela seja sustentável institucional e financeiramente.
“Muitos projetos de educação ambiental são encerrados por falta de apoio institucional e financeiro antes de cumprirem plenamente sua missão” |
No programa Escolas Irmãs, fomentamos a cooperação entre escolas públicas rurais locais e colégios particulares visitantes, com benefícios acadêmicos para ambos os lados e benefícios materiais para a escola local, já que a cooperação envolvia a doação de material escolar pelo colégio visitante e parte da renda gerada pela visita era usada para subsidiar a participação dos alunos da escola local. Por esse esforço em desenvolver um modelo sustentável de educação ambiental, diminuindo a distância geográfica e cultural entre classes sociais num país de desigualdades como o nosso, a Escola da Amazônia recebeu o Whitley Award 2007. O prêmio é considerado o Oscar da conservação na Inglaterra e foi recebido das mãos da Princesa Anne em Londres.
As realizações e os próximos passos
Como é comum na pesquisa científica, algumas das questões respondidas ao longo do caminho suscitaram novas questões. Entre as próximas questões a serem abordadas pela Escola da Amazônia, as mais estimulantes são as referentes à replicabilidade do projeto. Estamos buscando oportunidades de testar a aplicabilidade de algumas de nossas abordagens em outras partes do Arco do Desmatamento e da Amazônia como um todo, nos outros biomas brasileiros e em diferentes contextos institucionais, com interesse especial nos contextos empresariais e governamentais. Esperamos assim contribuir para que os brasileiros assumam seu papel na conservação das florestas e da biodiversidade excepcional que nosso país abriga.
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